21/08/2009

Desabafos constrangedores

Eu me considero um bom ouvinte, e esta característica é percebida pelas pessoas que precisam desabafar seus problemas pessoais ou profissionais. O que ocorre é que essas pessoas resolvem me contar o que as incomoda encenando a situação vivida, mas com um acréscimo considerável de coragem.

Afirmo isso porque duvido que alguém falaria de forma tão agressiva com um chefe sem sofrer as consequências de tal ousadia. Como duvido também que um(a) namorado(a) ficaria sem ação diante das coisas que ouço no lugar dessas pessoas.

Se imagine caminhando pela calçada com alguém praticamente gritando com você, e colocando o dedo indicador na direção do seu rosto como se você tivesse feito algo inaceitável, e merecesse toda aquela repreensão pública... As demais pessoas na rua, todas olhando para a sua cara de tonto. Se fosse possível enxergar os pensamentos como nas histórias em quadrinhos, eu veria nas pequenas nuvens as pessoas me considerando um banana...

Aí eu faço questão de perguntar em voz alta algo como: - E depois, o que aconteceu?

Tudo para que as outras pessoas entendam que aquela agressividade não era para mim, e parem de me olhar com reprovação... Qualquer dia alguma velhinha vai bater na minha cabeça com uma bengala ou guarda-chuva. Pode ser cômico para você, mas eu tento evitar que não seja trágico para mim... Parece besteira, mas eu me incomodo com isso.

E como fazer para a pessoa que confia em mim parar de agir dessa forma? Não sou psicólogo. Apenas um bom amigo que não merece que um caminhão de raiva seja despejado na minha cabeça. Passar a evitar essas pessoas? Não desejo isso...

E eis que surge uma brecha para introduzir um assunto novo, ou quem sabe também desabafar as coisas que preciso, mas não... As pessoas em geral não são boas ouvintes, e estão interessadas apenas em descobrir quem as ouça. E para piorar ainda fico com a fama de um cara fechado e misterioso.

Não tem jeito. Cada vez mais me torno um ermitão na metrópole. (Como se isso fosse possível...) Acho que vou cultivar uma longa barba branca e receber em casa essas pessoas que não querem ou não podem pagar por um divã. Só não saberão que por trás de óculos escuros eu durmo profundamente. zzzzzzzzzzz....


01/08/2009

Portabilidade Pessoal


Nos dias de hoje ouvimos muito falar de portabilidade, mas e se pensarmos em portar o que somos para situações melhores? A melhor coisa que pode acontecer para um consumidor é o aparecimento de concorrentes, e se nesse raciocínio cada um de nós é um produto, o que não falta é concorrência.
Para nascer você precisou de uma vaga na maternidade. Desde suas primeiras visitas ao pediatra, os outros bebês disputaram pelas suas consultas. E a vaga na escola pública? Foi fácil conseguir? Nem sempre é...
Então você cresceu e deve se lembrar quantas empresas não lhe deram oportunidades pela falta de experiência, e que assim pode ter demorado a vencer seus concorrentes e ingressar no mercado de trabalho. Teve que disputar paqueras, ou por uma paixão? Então vamos lá! Se você precisa provar suas qualidades para vencer a concorrência, porque não pensar que aqueles que disputam a sua preferência devem fazer muito por merecer?
Está na hora de dar o troco, então vamos ampliar o conceito de portabilidade! Tudo tem a ver com valorização. Tente encontrar qual serviço lhe atende como você merece!
Eu escrevi que se trata de uma "tentativa" porque a incompetência é contagiante assim como é a idiotice. Trocar um serviço qualquer dificilmente vai te poupar da incompetência. Não prego a intolerância... Todos têm o direito de errar, mas perceba que não é pedir demais ser atendido de maneira profissional.
Caso contrário, ao trocar seis por meia-dúzia vai fazer com que em poucos meses depois você queira trocar meia-dúzia por seis. Se não há monopólio, devemos tentar...
E na vida pessoal? Cabe a portabilidade? Em alguns casos sim. Não podemos trocar de time de futebol sem a acusação de ser "vira-casaca". Escolher um time para torcer é como um carimbo que aplicam na testa das pessoas. (Em alguns casos é mesmo...) Muda-se de ideologia política, de religião, e até de sexo, mas não se muda de time. E daí se o seu time lhe cola uma imagem de perdedor? (Não é o meu caso, hein? Até que meu time tem muitas fases felizes...)
Já com a portabilidade matrimonial, pense no fim do lema "unidos até que a morte os separe". Neste caso um indivíduo pode levar seus defeitos e qualidades para uma pessoa diferente, desde que deixe os bens no compromisso anterior. Favor não confundir com promiscuidade, afinal eu não disse que praticar a portabilidade temporária de órgãos genitais o livra das punições do contrato em vigor.
Brinquei um pouco agora no final, mas não basta um indivíduo portar o seu corpo para dentro de roupas que passem uma idéia de quem ele não é. Vestir um belo terno, calçar um bom par de sapatos, pode ser bacana, mas a nova casca não vai fazer ninguém íntegro. O cérebro não é um chip que pode ser trocado de corpo, então não aceite menos do que você merece!
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